sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Lugar Certo, Lugar Errado (Prosa Poética)

Passeio meus olhos sobre a mesa
E vejo tanta coisa distinta uma da outra
Papeis que para nada servem
Mas que são necessários para algo que finjo entender
Vejo também uma partitura que não tem necessidade aqui
Mas é o que mais faz sentido entre essa papelada
Aqui tem um computador onde realizo tarefas que não mudarão a vida de pessoa alguma
Porém, eu o uso agora para mudar a minha vida
Escrevendo essas palavras que fluem dos meus sinceros sentimentos
O que faço eu diante deste estojo de lápis, canetas, borrachas e papeletas?
O que faço sentado nessa cadeira, nessa sala vazia?
Não me sinto pleno e tenho a absoluta certeza de que estou no lugar errado
Mas o fato de ser errado não impede de que eu esteja aqui
Na verdade eu preciso estar aqui neste lugar errado
Pois no lugar certo eu não tenho a segurança que o lugar errado me dá
Dilema... Ter uma vida segura ou ter uma vida insegura, mas feliz?

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Mundo Pasteurizado (Poesia)

Onde foram parar aqueles que formaram minha opinião?
Pouco a pouco meus mestres estão partindo
E não restam muitos por aqui hoje
Quem serão os mestres dos meus filhos, netos e bisnetos?
Esses "produtos" da mídia
Que emitem opiniões cerceadas por empresários, assessores e produtores?
Essa gente "politicamente correta"
Que não pode ir contra os modismos impostos pelo o que chamam de "sociedade"?
Ou essa gente que tornou a vida uma bagunça
Confundindo liberdade com libertinagem?
Mesmo com essa libertinagem de hoje, não se enganem:
As pessoas ficaram mais caretas, tremendo paradoxo!
Hoje as belas bundas e os belos músculos ditam regras de comportamento
Apesar da maioria dos seus portadores terem cérebro de amendoim!
As "bundas" e "músculos" que fizeram parte da minha formação humana
Pensavam,  formavam e geravam opiniões, que faziam as pessoas usarem a cabeça
Não se dá mais o devido valor ao condicionamento físico do cérebro
A cada dia vejo morrer o senso crítico das pessoas
E vejo nascer um mundo pasteurizado e alienado
É a filosofia daquela música "Tindolelê"
(Todo mundo tá feliz? Tá feliz!)
Felicidade forjada, sorrisos de fachada
Sinto saudade dos tempos onde os polêmicos faziam as pessoas pensarem
Os polêmicos de hoje fazem as pessoas se revoltarem
Com suas declarações carregadas de burrice e preconceito
É proibido pensar?
É proibido "bater de frente" pra não se "queimar"?
Contestar é pecado, é "mimimi", é rabujice?
Que merda de mundo é esse
Que me obriga a sorrir toda hora
E me revoga o direito de ficar triste e chateado de vez em quando?
Que se apartem de mim os controladores de emoções
Desse mundo limitado, corretinho, careta, pasteurizado
Mundo retrógrado!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Bailarina (Poema)

O que te move, bailarina?
De onde vem esses passos
Que exigem tanta resistência
E ao mesmo tempo tanta leveza?
É uma força tão delicada...
É uma sensualidade tão pura...
Sinto um medo que me encoraja
Um desejo que me leva à culpa
Uma coragem que me intiimida
Uma culpa que me apetece...
Ah, bailarina...
Teus saltos e giros me fascinam
Tua elasticidade me leva a pensar
Que o impossível é possível
Tua dança é divina e humana
Pois vejo Deus
E vejo uma mulher
É tão estranho...
Não sei se estou pecando
Ao te olhar dançar
É uma confusão de sensações
Baila, bailarina
Teu pas de deux me traz paz
E elevé minha alma

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Vida Dura de um Músico (Artigo)

Alô, Brasil!

Hoje decidi falar sobre algumas histórias reais que vivi em 17 anos de música. Certamente, você que é músico ou conhece alguma pessoa que trabalha com música, já deve ter vivido ou escutado coisas como estas que vou contar.

Se tem uma coisa que irrita um músico (e muitos não tem coragem de expressar isso) é quando o cidadão está tocando no bar e no meio da música uma mesa animada começa a cantar parabéns tão alto, às vezes com direito a batucada na mesa, como se o profissional da música não estivesse ali trabalhando e se esforçando para entreter as pessoas presentes. Sim, eu digo que tem vezes que nosso ofício é um esforço, apesar de amarmos o que fazemos, pois é impossível agradar a todos. Já aconteceu num lugar que eu estava tocando o seguinte: tratava-se de um local onde o estilo musical principal era o samba, mas eu abria para outras vertentes como o afrosamba, sambarock, samba de gafieira e tocava também um pouco de soul com uma roupagem de samba. Era um repertório animadíssimo pras pessoas dançarem. Eis que de repente chega um guardanapo com uma lista de músicas que continha "Canteiros", "Oceano", "Chão de Giz", "Espanhola" e etc... Ok, eu poderia até fazer versões "pra cima" dessas canções, mas pela listagem não era o objetivo da pessoa que eu fizesse músicas animadas. Não atendi o pedido, pois a casa estava cheia e grande parte dela estava envolvida na alegria do repertório. Simplesmente o cidadão mandou mais duas vezes os pedidos até que chegou um bilhete desaforado dizendo que o meu repertório estava chato (oi?) e que eu era um músico fraco e por isso ele estava indo embora e não ia pagar o couvert.
Certa vez, numa festa particular, eu estava tocando junto com Luciano Fogaça, percussionista que sempre me acompanha e aconteceu uma das piores situações de toda a minha carreira. Estávamos tocando um repertório dançante (inclusive PESSOAS DANÇAVAM!) e uma moça vinha toda hora pedir pra tocarmos músicas animadas (oi?) até que depois de insistentes pedidos, a queridona sacou um celular daqueles que toca música alta e no meio da nossa apresentação ela colocou FUNK no celular dela e as pessoas da mesa dela começaram a dançar até o chão, chão, chão... Imediatamente Luciano e eu paramos. Nem preciso dizer que ficou um clima tenso na festa...

Outra passagem inesquecível foi quando toquei em um famoso bar da Barra da Tijuca e uma cidadã insistentemente pedia pra que eu tocasse músicas do Diogo Nogueira. Ok, quando eu fui pro set de sambas, toquei duas músicas do repertório do Diogo, sucesso, missão cumprida... Ledo engano: a moça voltou e pediu, irritada, pra que eu tocasse Diogo Nogueira. Respondi que tinha acabado de tocar duas músicas do repertório dele e eis que a moça disse a seguinte pérola: "Ah, mas eu não gosto de Diogo Nogueira...". OI???????? Nessa mesma noite, no meio do set de sambas, logo após esse momento inesquecível, uma outra moçoila solta o seguinte grito: "TOCA SAMBA AÊ!". Eu olhei pra cara do Luciano e começamos a rir... Perguntei no microfone o que era samba e a risada foi geral... Eta, vida!!!!!

Ser músico, às vezes, é barra pesada, mas eu gosto!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Contrastes (Poesia)

Recolhi as fotos, rasguei os fatos
Quebrei os pratos, juntei os cacos
Esqueci das palavras, lembrei das caladas
Acabou o ardor, lá se foi o amor
Morreu a tristeza, ressurgiu a alegria
Te perdi, me ganhei

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Decisão (Poesia)

É doloroso tomar certas decisões
Abdicar de sentimentos tão repletos de certeza
Há sentimentos que são iguais a furúnculos
Pra sarar, tem que espremer, sentir dor
E quem gosta de sentir dor?
Quem espreme um furúnculo por vontade espontânea?
É necessário tomar a decisão de extirpar as bactérias
E se preparar pra dor do momento
O que nos encoraja a espremer
É a certeza que depois daquela dor
Basta colocar remédio na ferida
Que ela vai cicatrizando
O problema é deixar a ferida aberta
Possibilitando a entrada de novas bactérias
Inflamando e talvez até piorando a situação
Portanto, o melhor é sentir a dor
Da decisão tomada à contragosto
Pra depois sentir o gosto do alívio
E dizer: "Ufa, passou!"

quinta-feira, 24 de março de 2011

Flor das Alagoas (Poesia)

Sapeca, cara de boneca
Jeito de mulher faceira
Flor das Alagoas
Faz morada nos meus pensamentos
Tem um olhar esperto
A beleza das praias alagoanas
Onde reina soberana
Moça sonhadora
Conquistadora
Arrebatadora
Por onde passa deixa um perfume
Que encanta e enfeitiça
Quem olha pra ela não se esquece
Feliz de quem a tocar
Feliz de quem conhecer sua alma
Flor das Alagoas
Com ela quero viver
Com ela quero adormecer
Com ela quero amanhecer...

quarta-feira, 23 de março de 2011

Quem é Você? (Poesia)

Sonho com o dia que vamos nos encontrar
Não sei quem é você
Não conheço suas formas
Seu cheiro, sua voz
Não sei seu nome
Sua cor preferida
O time que torce
O seu email
O seu perfil no Facebook
Nem sei se já nos esbarramos em algum lugar
Se estamos na mesma rua, cidade, país, planeta
Mas sei que a amo
E por você sou amado
E em algum lugar está a me esperar
Com as mesmas dúvidas que eu
A saudade invade meus dias
Preciso vê-la, abraçá-la
Tocá-la, ouví-la
Afinal, quando descobrirei, enfim
QUEM É VOCE?

Green Dress (Poesia)

Deitada na plenitude da sua volúpia
Provoca no poeta os instintos mais primitivos
Um alvoroço na alma e no corpo
O verde do tecido que cobre essa deusa
É a esperança de um dia, quem sabe, retirá-lo
E provar das delícias divinas dessa mulher
Enquanto isso, fico a imaginar essa pele tocando a minha
E torcendo pra que tudo isso aconteça e permaneça

sábado, 19 de março de 2011

A Mulher da Capa de Revista (Poesia)

Tive nas mãos uma capa de revista
Pra melhor entender, a mulher da capa
Sim, uma daquelas que todo homem gostaria de comer
Inclusive, acho que até você comeria
E ela estava ali, toda disponível pra mim
Enquanto eu a olhava, via você
Enquanto eu a beijava, pensava em você
Enquanto eu a tocava, sentia você
Um sentimento de culpa começava a me invadir
Sentia que estava traindo uma mulher
Que me deixou de forma decidida e impiedosa
Que me fez chorar como nunca chorei até o momento
Esse tal de amor faz essas coisas com a gente
E enquanto meu corpo funcionava independente do meu sentimento
Essa minha divagação foi interrompida
Por aquela mulher voluptuosa
Sim, ela era muito gostosa
E com aquela voz sexy, me perguntou:
"Marcinho, pra onde você vai me levar agora?"
Eu respondi:
"Pra casa..."

Mágoas e Coisas Afins (Poesia)

Machuca meu peito
Sua lâmina cega
Sangue pisado
Dor
Solidão
Antes tivesse me cortado
Eu lavaria a ferida
Estancaria o fluxo
Choraria, talvez
Mas, apenas por um dia
E quando a lesão é por dentro?
Mais dor
Mais solidão
Sensação de impotência
Fraqueza
Você deveria ter socado meu rosto
Hoje eu saberia o que fazer
Não sei o que fazer com palavras
Quando elas vem a mim como armas letais
Mágoa
Maldita sensação de tristeza
Veneno que age tão rápido
Quando aquela pessoa que magoa
Tem algum grau de importância
Tudo o que pode curar
Parece ser inútil nessa hora
Até que chega o momento
Que lembro do "senhor da razão":
O TEMPO
Certamente uma criação divina
Que nunca falha