segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O Verbo "Deletar" (Crônica)

Nestes tempos de Internet, passamos a conjugar um verbo novo: "deletar". Lembro que em tempos que se usava o MS-DOS, usávamos um comando chamado DEL, que vem da palavra DELETE, do vocabulário inglês, que ao traduzir para o português significa APAGAR, entre outros sinônimos. Acabamos trazendo para o nosso vocabulário essa palavra, que até certo momento era apenas um termo técnico para o mundo da computação. Com o surgimento das Redes Sociais, DELETAR deixou de ser apenas um termo técnico. Hoje nós DELETAMOS pessoas. Quem usa qualquer tipo de Rede Social, deve conjugar diariamente esse verbo.

Estava eu dando aquela olhada rotineira no Facebook e me peguei DELETANDO pessoas. Algumas porque escrevem tantas coisas desconstrutivas que os olhos não aguentam. Outras porque me são importantes e fizeram ou disseram coisas que me feriram. Sim, cheguei a conclusão que na grande maioria das vezes que DELETO alguém, é porque essa pessoa tem alguma importância e/ou relevância pra mim. Parto do princípio de que só me afetam palavras de quem me importa, de quem é de alguma forma relevante ao meu ver. Não costumo ficar chateado com pessoas que não tem significado pra mim, exceto quando elas mexem com coisas ou pessoas que tem importância na minha vida. Nesse caso eu DELETO e fecho todas as vias de contato para que não haja risco algum de interação com esse alguém. Uso o recurso de BLOQUEAR, que é um estágio mais elevado do ato de DELETAR. Há tanta gente que escreve coisas que não concordo, mas pelo fato de não me atingirem, esqueço logo após passar o olho. O cyberespaço é um "mundo" livre, como a vida fora do computador é. Inclusive alguns poucos vão até pra cadeia por usar essa liberdade sem noção. 

Conversando hoje com uma nova amiga, divagando sobre os tempos de hoje, concluí que estou em desacordo com a correria do mundo atual. Por vezes, por questão de sobrevivência, tenho que entrar nesse pique e correr junto com o planeta, mas eu não quero me adaptar a essa "pegada". Sou de outro tempo, creio que metade de mim é analógica e a outra é digital. Essas partes entram em conflito todos os dias e constatei que quando a parte analógica vence, me sinto mais confortável e feliz. Quando a digital vence, sinto falta daquele gosto mais consistente das coisas da vida. O tempero da rapidez é muito menos consistente do que o tempero da calma. Na culinária é assim, tudo tem seu tempo certo pra receita ser executada com perfeição. Se o cozinheiro pula ou adianta alguma etapa, o resultado vai ser comprometido. O prato pode ficar pronto, mas de repente não tão gostoso como seria se tudo fosse feito no seu devido tempo e intensidade.

Meu amigo Raul de Barros Jr. tem uma canção que o refrão diz: "A Terra está girando cada vez mais rápido". E é isso aí. Já estamos nos mecanizando, já estamos usando o mouse e o teclado, os tablets e celulares, para executar comandos digitais que excluem pessoas da nossa vida, muitas vezes por nada que justifique tal ato. Muitas vezes só por elas terem opiniões diferentes, gostos diferentes.

O futuro me preocupa. Me preocupa muito.
Vamos ver isso aí, meu povo... Quem tem olhos, leia... Quem tem ouvidos, ouça... Quem tem coração, sinta... QUEM TEM CORAGEM, AJA!

Beijo nas crianças,
MB