segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Colisão das Ondas (Prosa Poética)

Sinto-me estranho ultimamente... diria que verdadeiramente vazio. As saudades que sinto são de entes queridos. Fugiram-me as vontades mais vorazes que tinha. Não sei se são por culpa dos psicotrópicos ou simplesmente pelo fato de o mundo ter realmente se tornado menos interessante. Tenho evitado criar vínculos, tenho medo. Pouca coisa me interessa, pouca gente me interessa... cada vez menos gente me interessa! E a música, que é o idioma que falo com mais fluência, parece desaparecer de mim. Olho pro meu violão e me sinto, às vezes, incapaz de tocá-lo... ou seria indigno? Não sei, o canto não sai mais alegremente da minha boca. Sai, por muitas vezes, por obrigação ou por necessidade de algo dentro de mim que se perdeu ou que simplesmente perdi a capacidade de enxergá-lo. Meu choro é seco, minha dor é intermitente e sempre volta em lugares diferentes, não me deixa uma pista sequer do seu motivo. Estou perdendo o interesse em mim. Estou pesado, carente e misantropo, um paradoxo. Estou pedindo socorro, mas não sei de que ou de quem. Nem sei se realmente estou precisando de ajuda. Só sei que estou perdendo os meus interesses e ambições. Tenho me agarrado nas pequenas vitórias que conquisto pra sobreviver, pra poder viver, pra querer viver. Estou esfriando por dentro, gelando em processo de criogenia, mas sinto dores no corpo, sinto meu corpo morrendo aos poucos. Sinto-me confuso. Sinto-me bagunçado, fragmentado... Lento... Nebuloso. Não quero a compaixão alheia, tampouco a compreensão. Quero apenas uma coisa: recuperar aquela vontade e orgulho de ser eu mesmo. Não é fácil ser eu, queria poder mostrar de forma prática aos que sentem inveja para ajudá-los. Quero aparecer e quero sumir, muitas vezes ao mesmo tempo. E nessa hora vem uma onda de um lado e uma onda de outro lado, e quando elas colidem, dói. Mas nesse momento de dor, por alguns instantes, consigo saber o que está acontecendo, mas é tão rápido que passa despercebido. Consigo até sentir saudades de quem amei, mas passa. Consigo me interessar pela vida, mas passa. Tudo vem e tudo passa. Confesso ter medo das colisões dessas ondas. A única coisa que controla a minha dor é o momento da escrita. Sei que é uma merda pra quem lê ou ouve esses cantares de lamentações, mas esse sou eu hoje. A colisão das ondas provocou um texto hoje. A cada colisão, uma coisa diferente é provocada. Eu tenho que me tratar, o mundo também tem que se tratar. 

Essas são as minhas loucuras... O abstrato mais concreto de mim. A colisão das ondas... Sei lá se um dia vou me afogar. Sei lá o que vai acontecer. Sei lá se vou viver ou sucumbir. Nada sei, nada sei. Isto é o que sinto agora, nesse dado momento. Fim? Sei lá...

Beijo nas crianças,
MB

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